Primeira

Edição 10/2013
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MATÉRIA DE CAPA
Desafio compartilhado

REPORTAGEM:
Rafael Geyger

CAPA: Beto Soares | Estúdio Boom

Programas de comunicação de riscos aproximam indústrias e comunidades vizinhas na gestão de emergências

Independente da região do país, a história costuma se repetir: um complexo industrial é criado, gera empregos e atrai trabalhadores de diferentes cidades. Estes, por sua vez, em busca de co­modidade, escolhem a nova mo­radia em áreas próxi­mas às empresas onde atuam. Para tanto, vale até ocupar espaços irregulares, dando início, assim, a um novo bair­ro onde nenhuma ação de urbanismo es­tava prevista. Mes­mo no entorno de plantas de alto risco, co­mo polos petroquí­mi­cos, comunidades crescem até atingir significativo contingente populacional. É neste cenário que milhares de pessoas compartilham um peri­go, muitas vezes, desconhecido: uma e­mergência no vizinho pode ceifar vidas para muito além dos mu­ros da indústria.

A preocupação com o tema vem de longa data, amparada em acidentes marcados na história - três deles, coincidentemente, ocorridos em 1984. Em Bhopal, na Índia, mais de 40 to­neladas de isocianato de metila - gás altamente tóxico - vaza­ram de uma fá­brica de pesticidas, matando, ao menos, 3.000 pes­soas e afetando 500 mil nas proximidades.

Na Cidade do Mé­xico, uma sé­rie de explosões em empresa de distribuição de gás GLP atingiu a comunidade vizinha, com 650 mortes e mais de 6.000 fe­ridos. A trágica lista de 1984 se completa com o Brasil, mais especificamente em Cu­ba­tão/SP. Um vaza­mento de gasolina em um oleoduto es­palhou 700 mil litros do combustível em uma área de mangue junto a residências da Vila Socó. Iniciado um incêndio, as chamas rapidamente atingiram as casas. Oficial­mente, 93 pessoas morreram, mas há contagens que alcançam até 500 óbitos. A comunidade foi parcialmente des­truída.

Como enfrentamento de um desafio que se tornou ­global, o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambi­ente) lan­çou no final dos anos 80 o processo de comunicação de riscos APELL (si­gla em inglês para Alerta e Prepa­ração de Comunidades para Emergências Locais), uma ação cooperativa que visa intensificar a conscientização e a pre­paração da comunidade para situações de emergência.

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